Escoliose idiopática
3/10/20253 min ler


A escoliose idiopática adolescente (EIA) é uma condição que afeta até 4% dos adolescentes, caracterizada por uma deformidade tridimensional da coluna, com uma curvatura maior que 10 graus, visível em exames de imagem. Apesar de ser uma condição séria, muitos tratamentos conservadores estão disponíveis, incluindo a fisioterapia e o uso de coletes ortopédicos. Este artigo explora a eficácia desses tratamentos e as perspectivas dos fisioterapeutas sobre a abordagem conservadora da EIA, focando em intervenções como exercícios específicos e correção postural.
Entendendo a Escoliose Idiopática Adolescente
A EIA geralmente surge entre os 10 e 18 anos de idade, sem causa identificada (daí o termo "idiopática"). A deformidade é principalmente na coluna vertebral, mas envolve também a rotação vertebral e, em muitos casos, é acompanhada por dores nas costas, especialmente em estágios avançados. A principal preocupação com essa condição é a progressão da curvatura, que pode levar a complicações respiratórias, além de afetar a aparência e a qualidade de vida.
Cerca de 85% dos casos de escoliose são classificados como idiopáticos, ou seja, sem causa definida. Embora muitos pacientes apresentem uma curvatura moderada, que não requer tratamento agressivo, a progressão para casos mais graves pode demandar intervenções que variam de terapias conservadoras ao uso de coletes ou, em casos extremos, cirurgia.
Tratamentos Conservadores e o Papel da Fisioterapia
Dentre os tratamentos conservadores, a fisioterapia desempenha um papel central na abordagem não cirúrgica da EIA. Embora ainda haja uma lacuna na padronização de diretrizes clínicas específicas para o tratamento da escoliose idiopática, os fisioterapeutas frequentemente utilizam exercícios adaptados para corrigir a postura e fortalecer a musculatura.
O artigo revisa as principais práticas de fisioterapia para EIA, com destaque para três intervenções principais:
Estabilidade do tronco e do core – Fortalecer essa área pode ajudar a reduzir a progressão da curvatura.
Exercícios de fortalecimento abdominal – Essenciais para melhorar o alinhamento postural e a funcionalidade do corpo.
Correção postural – Trabalha diretamente para reverter o desvio da coluna, corrigindo a postura e aliviando o estresse muscular.
O método Schroth, um dos exercícios mais estudados para pacientes com EIA, mostrou resultados positivos na redução da progressão da curva, melhoria na função muscular e respiratória, além de impactar a qualidade de vida dos pacientes.
Benefícios e Desafios da Fisioterapia para EIA
As evidências sugerem que a fisioterapia, especialmente com abordagens como o método Schroth, pode ter um impacto significativo no tratamento da escoliose. Estudos indicam que exercícios específicos, quando usados em conjunto com outras intervenções conservadoras, retardam a progressão da curva e, em muitos casos, evitam a necessidade de tratamentos mais invasivos, como cirurgias.
No entanto, um dos maiores desafios relatados pelos fisioterapeutas é a falta de consenso sobre quais exercícios são mais eficazes, e por quanto tempo devem ser aplicados. De acordo com a pesquisa, a maioria dos profissionais recomenda sessões de fisioterapia de 60 minutos, duas vezes por semana, durante um período de 3 a 5 meses.
Outro aspecto crucial é a medição da eficácia dos tratamentos. Embora a curvatura da coluna, medida pelo ângulo de Cobb, seja um parâmetro comum, muitos fisioterapeutas preferem medir o progresso com base na melhora da dor, no aumento da amplitude de movimento e na qualidade de vida.
Impacto na Qualidade de Vida
Além dos benefícios físicos, a fisioterapia também foca na qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa destaca o uso de questionários como o Oswestry Low Back Pain Disability Questionnaire e o Scoliosis Research Society-22 (SRS-22), que avaliam como a escoliose afeta o bem-estar geral do paciente, desde a dor até a capacidade de realizar atividades diárias.
Os fisioterapeutas relatam que os principais objetivos de tratamento incluem a melhoria da participação do paciente em atividades diárias e a diminuição das limitações físicas. A abordagem baseada em metas, combinada com exercícios adaptados, parece ser fundamental para o sucesso do tratamento.
Considerações Finais
O tratamento conservador da EIA, especialmente a fisioterapia, é uma opção viável e eficaz para muitos adolescentes. Embora ainda existam desafios em relação à padronização de diretrizes e à variabilidade nos resultados dos tratamentos, as abordagens baseadas em exercícios, como o método Schroth, mostram grande potencial para melhorar a condição física e a qualidade de vida dos pacientes.
Fisioterapeutas desempenham um papel vital na abordagem da escoliose idiopática adolescente, utilizando intervenções que vão além da simples correção da curvatura da coluna, mas também trabalham no fortalecimento do corpo como um todo e na melhora do bem-estar geral dos pacientes. Com mais pesquisas e padronização, espera-se que os tratamentos conservadores continuem a evoluir, oferecendo ainda mais opções eficazes para quem sofre de escoliose.
Referência
FOLEY DAVELAAR, Cassidy M.; GOFF, Elizabeth Weber; GRANGER, Julie E.; GILL, Danielle E.; ROSALES DELA CRUZ, Nathalie Michelle; SUGIMOTO, Dai. Conservative treatments of adolescent idiopathic scoliosis: physical therapists' perspectives. Clinical Pediatrics, v. 63, n. 8, p. 1132-1138, 2024. DOI: 10.1177/00099228231208609. Disponível em: https://journals.sagepub.com/home/cpj. Acesso em: 05 out. 2024.